A avó Maria conta sempre a mesma história antes de dormir. E os netos escutam como se fosse a primeira vez. Porque ali, naquele momento, sentem-se invencíveis.
Em tempos onde o bullying — seja presencial ou digital — revela-se como um dos maiores desafios emocionais da infância, o papel dos avós ganha nova relevância.
Muito mais do que cuidadores ocasionais ou fonte de mimos, os avós são guardiões de valores, transmissores de sabedoria e âncoras emocionais que podem marcar positivamente a vida dos netos.
Num estudo conduzido pela Universidade de Oxford, ficou demonstrado que crianças que mantêm uma relação próxima com os avós têm maior autoestima, lidam melhor com situações de stress e demonstram maior empatia social — todos fatores de proteção contra o bullying, tanto na posição de vítima como de agressor (Oxford University, 2008).
Os avós como modelos de empatia e respeito
Avós presentes são uma fonte de equilíbrio emocional. As suas histórias de vida oferecem contexto e ensinam resiliência. Muitas vezes, conseguem mostrar que as adversidades podem ser superadas com gentileza, diálogo e confiança.
Ao partilharem episódios das suas infâncias — onde talvez também tenham vivido exclusão ou diferenças — humanizam o tema para os mais novos e demonstram que ninguém está sozinho. Quando um avô diz:
“Também me senti assim quando era pequeno, mas passou…”,
está a validar o sentimento do neto e a criar uma ponte para a escuta ativa e afeto.
Segundo a Associação Crescer Ser, avós que participam na vida emocional e educativa das crianças são essenciais para o reforço de competências sociais, como a empatia, o respeito e o autocontrolo (CrescerSer.org, 2023).
Conversas que contam (mais do que pensamos)
Muitas vezes, o avô ou a avó é a única figura adulta que escuta sem julgar, que tem tempo para ouvir com atenção e que transmite segurança. Essa disponibilidade emocional favorece momentos de partilha valiosíssimos, onde a criança pode contar algo que hesita em dizer aos pais, como uma situação de bullying ou exclusão.
Criar o hábito de conversas sem pressa — ao serão, durante um passeio ou a preparar uma receita — pode ser a chave para que os netos se sintam mais protegidos e compreendidos.
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Histórias que educam
Ler livros juntos, contar histórias reais ou inventadas com uma “moral escondida” é uma das formas mais eficazes de ensinar valores. Contos sobre empatia, justiça ou coragem criam referências emocionais e morais que ficam para a vida toda.
O blog do Plano Nacional de Leitura recomenda títulos que podem ser usados por avós e netos para iniciar conversas sobre respeito, diferenças e amizade. Exemplos incluem:
O Coração e a Garrafa, de Oliver Jeffers
A Grande Fábrica de Palavras, de Agnès de Lestrade
Orelhas de Borboleta, de Luisa Aguilar
(PNL2027.gov.pt – Leituras Recomendadas)
Gestos pequenos, impactos gigantes
Os avós podem também intervir de forma subtil, mas poderosa, no combate ao bullying, com ações como:
- Reparar que o sorriso habitual desapareceu, ou que os olhos evitam o contacto, pode ser o primeiro passo para proteger.;
- Reforçar a autoestima através de elogios sinceros e reconhecimento;
- Promover atividades intergeracionais (como cozinhar ou cultivar juntos);
- Fomentar o respeito e inclusão entre primos, irmãos e amigos do neto.
Estes momentos criam contextos de aprendizagem emocional — sem que a criança sinta que está a “ser ensinada”.
Conclusão
Porque há amor que não envelhece. E nas mãos enrugadas dos avós, cabem mundos inteiros de proteção e sabedoria. Num mundo cada vez mais apressado e digital, os avós oferecem aquilo que muitas vezes falta às crianças: tempo, escuta e ternura.
O seu papel na prevenção do bullying vai muito além do que se vê — é nas histórias que contam, nos valores que transmitem e no amor incondicional que acolhem que se constrói a base para crianças mais seguras, empáticas e resilientes.
Incentivar os avós a manterem-se envolvidos na vida dos netos, mesmo que à distância, é um gesto poderoso de proteção emocional. E para os próprios avós, este envolvimento também promove saúde mental, sentido de utilidade e felicidade partilhada.
A YouBig acredita no poder das histórias e da intergeracionalidade como ferramentas de transformação. Por isso, os nossos jogos “No Bullying Zone” e livros entre eles “A Sarinha e a Cegonha Marcolina” incentivam não só o diálogo entre pais e filhos, mas também entre netos e avós — criando pontes de afeto que duram uma vida inteira. Conheça-os em www.youbig.pt.